História
O território do atual Estado do Mato Grosso é habitado há centenas, mais provavelmente há milhares de anos. No século 16, quando os primeiros europeus chegaram à região, existia uma diversidade de povos indígenas.
Na divisão de Tordesilhas, em 1494, antes do descobrimento do Brasil pelos portugueses, o Mato Grosso estava do lado espanhol. A primeira expedição europeia registrada foi a do explorador português Pedro Aleixo Garcia, em 1525, quando subiu os rios Paraná e Paraguay, em companhia de índios cristianizados. Aleixo Garcia veio ao Novo Mundo, em 1515, na expedição do navegador português João Dias de Solis, a serviço da Espanha.
No início do século 17, jesuítas espanhóis fundaram missões na região, entre os rios Paraná e Paraguay. Ainda no século 17 ocorreram as primeiras expedições ao território de Mato Grosso em busca de riquezas e índios para escravizar.
Em 1719, o explorador paulista Pascoal Moreira Cabral Leme descobriu jazidas de ouro no ribeirão do Coxipó. Fundou, na área, no mesmo ano, um arraial que veio a se chamar de Cuiabá. Em 1727, tornou-se a Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Mato Grosso era, então, administrado pela Capitania de São Paulo.
Em 1734, os irmãos Fernando e Artur Paes de Barros descobriram as Minas do Matto Grosso, assim batizadas em referência à espessa mata local. As Minas situavam-se em um ribeirão que desaguava no Rio Galera, no Vale do Alto Guaporé.
Em 6 de dezembro de 1745, foi criada a Prelazia de Cuiabá, elevada à condição de Diocese, em 1826, subordinada à Arquidiocese de São Salvador da Bahia.
Em 9 de maio de 1748, por carta régia, foi criada a Capitania de Matto Grosso e Cuiabá, desmembrada das capitanias do Grão-Pará e São Paulo. Em 25 de setembro, do mesmo ano, foi nomeado D. Antonio Rolim de Moura para o cargo de Governador e Capitão General da Capitania de Matto Grosso, onde chegou em 1751.
Em 1750, com o Tratado de Madrid, a Espanha reconheceu o Mato Grosso como português.
Em 19 de março de 1752, Antonio Rolim de Moura fundou a Vila Bela da Santíssima Trindade, como sede da nova Capitania, atualmente localizada na fronteira com a Bolívia. Buscava-se assegurar a posse do território para Portugal. A capital foi depois transferida definitivamente para a Cuiabá, em 1835.
A partir de 1761, houve disputas territoriais entre portugueses e espanhóis no Mato Grosso. Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil, mas no Mato Grosso, eles somente abandonaram suas missões durante o governo de Luís Pinto de Sousa Coutinho (1769-1772). Em 1777, o Tratado de Santo Ildefonso revisou as fronteiras entre a América Espanhola e a América Lusitana. Mas alguns problemas com os espanhóis continuaram por mais algumas décadas. Em 1775, foi construído o Forte Coimbra e, em 1778, fundou-se um arraial em Corumbá, buscando garantir as fronteiras na região. Em 1776, começou a construção do Real Forte Príncipe da Beira, no atual território de Rondônia.
Em meados do século 18, Teresa de Benguela liderou o Quilombo do Quariterê, no Vale do Guaporé, onde habitavam negros e índios. O Quilombo foi destruído em 1770, com a morte de Tereza pelo Governo da Capitania. Em 2014, foi instituído, pela Lei № 12.987, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, a ser comemorado, anualmente, em 25 de julho.
No século 19, com o esgotamento das minas de ouro, a agricultura e a pecuária foram as principais atividades econômicas do Mato Grosso.
Em 1834, aconteceu a Rusga em Mato Grosso, uma revolta entre facções políticas, que buscavam dominar a Província. De um lado, os partidários da Sociedade Filantrópica, que abrigava muitos portugueses, desejavam o retorno de D. Pedro I e governavam a Província. Do outro lado, estava a Sociedade dos Zelosos da Independência, que pretendia tomar o poder. Houve saques e mortes, mas a revolta foi contida.
Durante a Guerra do Paraguay (1864-1870), o Mato Grosso foi invadido pelos paraguayos, em área do atual Mato Grosso do Sul. Corumbá e o Forte Coimbra foram tomados. Nos anos 1870, formou-se um povoado que viria a se tornar a Vila de Santo Antônio de Campo Grande, instalada em 1905.
Em 1907, começou a construção da linha telegráfica para interligar o Mato Grosso aos outros estados. Esse empreendimento foi chefiado por Cândido Rondon.
Desde meados do século 18, ocorreram vários litígios que mudaram os limites territoriais entre Mato Grosso e Goiás. Entre 1920 e 1937, os limites entre os dois estados foram rediscutidos, especialmente áreas nos vales dos rios Aporé e Paranaíba. Parte das terras consideradas como do Mato Grosso foi transferida para o Estado de Goiás (compare os mapas do Brasil de 1923 e 1941).
Em 13 de setembro de 1943, foi criado o Território Federal do Guaporé (atual Rondônia), desmembrado do Mato Grosso e com pequena parte do Estado do Amazonas (Decreto-Lei nº 5812). Na mesma data foi criado o Território de Ponta Porã, desmembrado do Mato Grosso, mas esse Território foi extinto em 1946.
A Lei Complementar de 11 de outubro 1977, criou o Estado do Mato Grosso do Sul, com capital em Campo Grande, desmembrado do Estado do Mato Grosso. Mas o novo estado só foi instalado efetivamente em 1979.
Ruínas da Igreja Matriz da Vila Bela da Santíssima Trindade, a primeira capital de Mato Grosso. A construção desse templo começou em 1793 e seria o segundo ou terceiro templo construído para sede da Igreja Matriz. O templo nunca foi concluído, como atestou o Marechal Rondon quando esteve na Cidade, em 1905. A Vila foi elevada à condição de cidade em 1818, com o nome de Matto Grosso, mas retornou seu nome histórico em 1978. Em 1835, a capital da Província foi definitivamente transferida para Cuiabá.
O antigo templo da Catedral do Senhor Bom Jesus do Cuiabá, construído no século 18 e reformado nos séculos 19 e 20. Alegando-se problemas estruturais, o templo foi demolido em 1968. Um novo templo foi inaugurado em 1974.
O mato-grossense Cândido Rondon teve atuação fundamental na integração do território nacional. Cândido Mariano da Silva, descendente de índios, nasceu em Mimoso (atual Santo Antônio do Leverger), Mato Grosso, em 5 de maio de 1865. Entrou para o Exército, em 1881, adotando o sobrenome de um tio. Bacharelou-se e Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Organizou a instalação de linhas telegráficas pelo interior do Brasil, com resultados expressivos para a integração nacional. Durante esses trabalhos de interligações telegráficas, Rondon fez levantamentos cartográficos, zoológicos, botânicos, etnográficos e linguísticos das regiões percorridas. Por sua obra, foi convidado para chefiar o Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais, criado em 1910. Em 1927, foi criada a Inspeção de Fronteiras, sob a chefia de Rondon. Faleceu em 1958, com a patente de marechal.
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Por Jonildo Bacelar
L. Souza
Acervo IBGE