Atol das Rocas
O Atol das Rocas é um santuário ecológico, um recife, em forma de anel, no Oceano Atlântico, localizado a cerca de 267 km da Cidade de Natal e a 148 km, a oeste, de Fernando de Noronha. Esse pequeno atol, o único do Atlântico Sul, faz parte do Rio Grande do Norte. Rocas é sinônimo de rochas.
O Atol possui uma área de 37 mil ha situada no topo de um monte submarino, de origem vulcânica. Tem diâmetros de cerca de 3,5 km (E-W) e 2,5 km (N-S). A área interna tem 5,5 km² e tem duas ilhas bem definidas: a Ilha do Farol (a maior, com cerca de 800 m de comprimento e 300 de largura) e a Ilha do Cemitério, onde foram sepultados náufragos, faroleiros e familiares. Uma terceira ilha, chamada de Zulu, pode ser identificada no sudeste do Atol, mas apenas uma pequena parte fica emersa na preamar, alguns autores a consideram um banco de areia. As dimensões dessas ilhas não são precisas, pois são arenosas, de baixa altitude e existe uma notada morfodinâmica no Atol. Na maré baixa o anel recifal fica exposto, com várias piscinas naturais.
O Atol das Rocas foi provavelmente descoberto, em 1502, no retorno da expedição do navegador português Gonçalo Coelho (veja explicação, ao lado). Desde 1503, vários naufrágios foram registrados na área do Atol. O primeiro foi um dos navios da segunda expedição exploradora de Gonçalo Coelho.
Em março de 1852, chegou ao Atol das Rocas o tenente Samuel Phillips Lee, da Marinha dos Estados Unidos. Seu navio passou 14 dias em sondagens e levantamentos no Atol. Lee elaborou o primeiro mapa detalhado do Atol. Em 1856, novo levantamento foi feito pela equipe do navio britânico H.M.S Sharpshooter, que também plantou vários coqueiros na Ilha do Farol, uma sugestão do cônsul britânico, em Pernambuco. Em 1858, o comandante J. H. Selwyn, do navio britânico H.M.S. Siren, visitou o Atol das Rocas e ergueu um farol provisório (The Nautical Magazine and Naval Chronicle for 1866 - Cambridge University Press).
Em agosto de 1858, o pernambucano Manoel Antonio Vital de Oliveira (1828-1867), atual Patrono da Hidrografia, concluiu o levantamento hidrográfico das ilhas Rocas e seus baixios, como designado pela Marinha (veja o mapa). Vital de Oliveira relatou ter encontrado uma cabane pintada de vermelho, construída pela tripulação de um navio chamado Siren e que, na área, havia mais de 50 coqueiros plantados.
Um farol no Atol das Rocas está indicado no mapa britânico com os levantamentos de Vital de Oliveira, de 1858. Esse foi o farol provisório instalado naquele ano pelo H.M.S. Siren. Em seu próprio mapa, Vital de Oliveira registrou a existência de uma baliza, no local. O farol permanente começou a ser erguido, em novembro de 1881, e entrou em operação, em janeiro de 1883, com torre de madeira. A casa do faroleiro foi construída em 1887. Em 1908, construiu-se uma torre, em armação de ferro, para o farol, com 18,5 metros de altitude e alcance de 12 milhas náuticas. Em 1935, foi inaugurada uma torre de concreto armado para o farol, com 16 metros de altura (hoje, em ruínas). Em 1967, foi instalada uma nova torre para o Farol Rocas, em armação de treliça de alumínio, afastada da praia, com altitude de 18 m (14m de altura) e alcance de 13 milhas. Em 1986, o farol foi eletrificado com a instalação de painéis solares.
O Atol das Rocas tem imensa importância ambiental e grande formação de corais. A vegetação é densa, tipicamente herbácea. É um local de reprodução de vários animais, incluindo espécies ameaçadas de extinção. É um dos principais sítios de desova de tartarugas-verdes, no Brasil. Dezenas de milhares de aves, de várias espécies, frequentam o Atol, incluindo aves migratórias.
Em 5 de junho de 1979, foi criada a Reserva Biológica do Atol das Rocas, pelo Decreto N.º 83.549. Em 2001, o Atol entrou na lista da Unesco de patrimônios da humanidade, junto com Fernando de Noronha.
Atualmente é administrada pelo Instituto Chico Mendes. Uma pequena base científica foi construída, em madeira, na Ilha do Farol.
Fragmento do Cantino, de 1502. Segundo Duarte Leite (História da Colonização Portuguesa do Brasil, vol. II, 1923), a ilha representada como Quaresma seria Fernando de Noronha, apesar de erro nas coordenadas, e citou: "Se a mancha patente ao ocidente não é um borrão casual, representa as Rocas". Ainda, segundo Leite, a ilha indicada como Quaresma teria sido descoberta, em 1502, no retorno da expedição em que foi Vespúcio. Posteriormente, em sua análise do Planisfério de Juan de la Cosa, Leite afirmou mesmo que o Atol das Rocas foi descoberto pela expedição de 1501/1502. Além disso, a representação das duas ilhas segue o padrão do Cantino, alternando cores azul e vermelha para as ilhas, e os cartógrafos costumavam corrigir os mapas com emendas, o que ocorreu no próprio Cantino. Assim, a ilha em vermelho seria mesmo o Atol das Rocas. Leite atribuiu o erro nas coordenas ao desenhista.
Um mapa de Luís Teixeira, da segunda metade do século 16, registra a Ilha de Fernam de Loronha, cerca do mesmo lugar do Cantino, e o Atol das Rocas estaria indicado como abrolho, mais acima.
Imagem do Atol das Rocas - NOAA/NGA (editada).
Tartaruga marinha e pesquisadora do Projeto Tamar no Atol das Rocas.
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Parte da Ilha do Farol, tomada durante a manutenção do Farol Rocas, por militares, em agosto de 2015 (foto Marinha do Brasil).
Por Jonildo Bacelar
Ruínas do antigo farol do Atol das Rocas (centro) e o novo farol ao fundo (foto 2005), na Ilha do Farol. A parte superior da antiga torre desabou meses depois.
Atol das Rocas
Fonte (editada): USGS/Coastal and Marine Geology Program.
John Vergari
Foto: Projeto Tamar