As Irmandades Negras
do Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul foi um importante abrigo de irmandades negras no século 19. Os gaúchos negros habitavam o Estado bem antes da chegada dos imigrantes europeus, convidados pelo Imperador Dom Pedro II, a partir de meados do século 19.
As irmandades negras eram comunidades religiosas formadas por descendentes de origem africana, incluindo escravos. Eram um importante elo social com os colonizadores de origem portuguesa.
Os negros gaúchos foram responsáveis, por exemplo, pela construção de várias igrejas no Rio Grande do Sul, financiadas com as contribuições que eles mesmos angariavam. Muitos vaqueiros e tropeiros eram negros, mas foram como lanceiros que mais se destacaram por sua bravura, combatendo ao lado dos portugueses na invasão espanhola (1763-1776) e como revolucionários na Guerra dos Farrapos.
Entre outras irmandades negras gaúchas, pode-se citar a de
Nossa Senhora da Conceição dos Negros, em Rio Grande, as três irmandades de
Pelotas, fundadas a partir de 1820 (Irmandade de N. Sra. da Conceição, Irmandade
de N. Sra. de Assumpção da Boa
Morte e Irmandade do Rosário), a Irmandade do Rosário de Tavares, a Irmandade do
Rosário de Porto Alegre e várias outras.
Os imigrantes europeus receberam terras agricultáveis para iniciarem suas vidas no Brasil. Os escravos negros, entretanto, foram libertados em 1888, sem qualquer assistência oficial para começarem suas novas vidas. André Rebouças e Joaquim Nabuco propuseram, na época, a doação de um lote de terra a cada escravo libertado, mas a medida não foi adotada. Isso foi um problema social no século 19, com reflexos na época atual.
Um quilombo no coração de Canoas, Chácara das Rosas, no bairro Marechal Rondon. Abriga descendentes de soldados que lutaram na Guerra do Paraguay, os Voluntários da Pátria (foto Defender.org.br).
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A antiga igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Porto Alegre, pertencente à Irmandade de N. Sra. do Rosário, formada por negros. A construção da igreja foi iniciada em 1817, tornou-se sede paroquial em 1832 e no final do século 19, a paróquia era a mais populosa da capital gaúcha. Em 1951, o templo barroco foi demolido.
Coleta de contribuições para a Igreja do Rosário, Porto Alegre. Aquarela de Jean-Baptiste DeBret, de 1828. O pintor francês fez parte da Missão Artística Francesa, convidada por Dom João VI. No Brasil, especializou-se em pintura documental.
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