História de Alagoas
Pesquisadores do Iphan relatam que os registros mais antigos da presença humana no atual território de Alagoas está no sítio de São José 2, no município de Delmiro Gouveia, na margem esquerda do Rio São Francisco, com datação de cerca de 3.500 anos. Entretanto, na margem direita, em Sergipe, há registros de ocupação humana de mais de oito mil anos. Encontram-se na área várias inscrições rupestres (Patrimônio Arqueológico e Paleontológico de Alagoas, Iphan - 2012).
No século 16, o litoral do atual Estado de Alagoas era habitado pelos caetés. Era uma terra de flora e fauna exuberante.
Os primeiros europeus a visitarem a região foram os da expedição de Gonçalo Coelho, em 1501. Mais: os falsos descobrimentos do Brasil ►
Essas terras eram parte da Capitania de Pernambuco doada a Duarte Coelho, em 1534. Segundo Jaboatão, depois de fundada a povoação de Olinda, em 1535, feito as pazes com os gentios e vencido os franceses, Duarte Coelho navegou até o Rio São Francisco, o limite meridional de sua Capitania. Seguiu por algumas léguas, rio acima, e teria sido o primeiro navegador português a explorá-lo. É provável que os franceses o tenham explorado antes.
Duarte Coelho faleceu em 1554. Seu filho mais velho estava em Lisboa e a Capitania passou a ser administrada pela viúva Brites de Albuquerque. Os caetés passaram a atacar engenhos e povoações portuguesas. Em 1556, o navio em que viajava o primeiro bispo do Brasil, de Salvador para Portugal, D. Pedro Fernandes Sardinha, naufragou no litoral de Alagoas e os sobreviventes foram capturados e devorados pelos caetés. Nos anos seguintes, o governador do Brasil, Duarte da Costa, empreendeu uma guerra de extermínio contra os caetés, comandada por Jerônimo de Albuquerque.
Em 1560, segundo Jaboatão, o donatário da Capitania, Duarte Coelho de Albuquerque e seu irmão Jorge de Albuquerque entraram pelo Rio São Francisco, conquistaram os índios levantados e restauraram algumas pequenas povoações. Por essa época foi fundada a povoação do Penedo, assim chamada por estar localizada em um terreno alto da margem do Rio, inacessível e ameaçador de precipícios.
Os relatos de Jaboatão têm aqui especial confiabilidade, pois esse frei franciscano, nascido no Recife em 1695, e incansável pesquisador, tinha acesso aos preciosos arquivos dos conventos franciscanos e Penedo teve seu convento fundado em 1660.
No final do século 16, grande parte das terras do atual Estado de Alagoas eram propriedade de Garcia d'Ávila, que tinha seu castelo na atual Praia do Forte, na Bahia. Esse castelo foi habitado por seus descendentes até o século 19 e parte de sua estrutura ainda está no local.
Em 1590, fundou-se o povoado de Porto Calvo. Em 1611, fundou-se o povoado de Lagoa do Sul (atual Marechal Deodoro). Outros povoados europeus surgiram no século 17, como o de Santa Luzia do Norte.
O mapa da obra de Caspar Barlaeus, parece indicar que, em meados dos anos 1640, o atual território de Alagoas tinha na época algumas capelas: N.S. da Conceição (duas), N.S. de Loreto, N.S. d'Aurade, duas de N.S. d'Ajuda, São Gonçalo, Santo Amaro, N.S. da Anunciação, N.S. da Encarnação, Santo Antônio, N.S. da Penha e São Cristóvão.
O solo fértil das terras das Alagoas propiciou, na época, a instalações de engenhos de açúcar que dividia a economia da região com a criação de gado.
Por volta do início do século 17, começou a se formar o Quilombo dos Palmares, principalmente com escravos africanos fugidos dos engenhos. Em 1694, Palmares foi destruído.
Uma transcrição de Jaboatão das Memórias Diárias de Duarte de Albuquerque Coelho indica que esse donatário da Capitania de Pernambuco elevou, em 12 de abril de 1636, três povoados à categoria de vila: o povoado de Porto Calvo para Vila de Bom Sucesso, o povoado de Penedo para Vila de São Francisco e o povoado da Alagoa do Sul para Vila Madalena.
Em 27 de março de 1637, os holandeses invadiram Penedo e construíram o Forte Maurício. Penedo era o limite meridional da ocupação holandesa no Nordeste.
Penedo foi reconquistada pelos portugueses, em 19 de setembro de 1645, após ataque comandado pelo capitão Valentim da Rocha Pita. Na batalha, o Forte foi destruído.
Em 1711, foi instalada a Comarca de Alagoas, com sede na vila de Alagoas (atual Marechal Deodoro), ainda subordinada a Pernambuco. O primeiro ouvidor geral foi José da Cunha Soares.
Na segunda metade do século 18 já existia o povoado de Maceió, desenvolvido em torno de um engenho de açúcar chamado de Massayó. Em 5 de dezembro de 1815, Maceió foi desmembrada de Santa Maria Madalena de Alagoas do Sul (atual Marechal Deodoro) e elevada à categoria de vila, por alvará régio de D. João VI. A instituição efetiva da vila ocorreu em 29 de dezembro de 1816.
Após à Revolução Pernambucana, de 1817, Alagoas tornou-se uma capitania desmembrada de Pernambuco, em 16 de setembro do mesmo ano. O primeiro governador da nova capitania, Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, assumiu em 22 de janeiro de 1819.
Com a Independência do Brasil, Nuno Eugênio de Lossio e Seiblitz foi empossado como presidente da Província.
Nos anos seguintes, Alagoas participou de movimentos revolucionários como a Confederação do Equador (1824).
Em 9 de dezembro de 1839, a capital da Província foi transferida da Cidade de Alagoas (atual Marechal Deodoro) para Maceió, que apresentava grande desenvolvimento econômico.
Após a Proclamação da República, em 1889, Alagoas foi inicialmente governada por uma junta, até que Tibúrcio Valério de Araújo assumiu o governo.
No século 20, Alagoas continuou sua participação ativa na política nacional. Como exemplo, o senador alagoano Teotônio Vilela (1917-1983), o Menestrel das Alagoas, teve papel importante na luta pela redemocratização do Brasil.
O Forte Maurício do Penedo, em carta de Johannes Vingboons, 1665. Original no Nationaal Archief, em Haia, na Holanda.
Penedo e seu Forte na época da ocupação holandesa, em versão colorizada (John Ogilby) da ilustração publicada no livro De Nieuwe en Onbekende Weereld: Of Beschryving van America en ’t Zuid-land, de Arnoldus Montanus, 1671. Título original: Castrum Mauritij ad Ripam Fluminis S. Francisci. Trata-se de uma recriação de uma ilustração mais antiga, de Frans Post, publicada por Caspar Barlaeus, em 1647. A cena é provavelmente anterior a 1644, quando Post deixou o Brasil.
O senador alagoano Teotônio Vilela (1917-1983), o Menestrel das Alagoas, solta uma pomba branca em um de seus comícios. Naquelas épocas difíceis do final da Ditadura Militar, Vilela mostrou o caminho para a redemocratização da País.
Teotônio Brandão Vilela nasceu na cidade de Viçosa, Alagoas. Frequentou faculdades de Engenharia e Direito, mas deixou os cursos para trabalhar com seu pai.
Em 1966, foi eleito senador pela ARENA, o partido do governo, mas nos anos '70 passou a criticar o governo militar, cobrando a redemocratização do Brasil. Foi contra o AI-5, defendeu a anistia e o fim da censura. Em 1979, entrou para o MDB e foi um dos principais defensores das eleições diretas para presidente.
Rio São Francisco e parte do litoral de Alagoas, em 1640 (à direita).
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Por Jonildo Bacelar
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