História do Rio Grande do Sul

Século 18

O Rio Grande era o nome dado às águas que correm desde o estuário do Rio Guaíba até o Oceano Atlântico, passando pela Lagoa dos Patos. No século 16, já era conhecido como Rio de São Pedro e, depois, Rio Grande de São Pedro.

A fundação da Colônia do Sacramento, em 1680, como parte do Brasil, aumentou o fluxo de embarcações no litoral gaúcho, que começou a ser ocupado espontaneamente e lentamente por colonos portugueses a partir do início do século 18. Colonos e seus escravos estabeleceram-se principalmente em áreas próximas à Lagoa dos Patos.

Tropeiros iam dos Campos de Viamão até Laguna, onde embarcavam suas mercadorias para outros portos brasileiros, principalmente gado e couro. Os conflitos com os espanhóis dificultavam a navegação de embarcações brasileiras no Rio da Prata. No início do século 18, tropeiros passaram a fazer todo o caminho por terra, de Sacramento até Laguna, e desbravam as terras do atual Rio Grande do Sul. Encontram muito gado livre proveniente de missões jesuíticas.

Já no final do século 17, Portugal analisava a necessidade de fundação de um povoado próximo à Barra do Rio Grande, para fortalecer sua presença na banda oriental do Rio Uruguay e dar suporte à Colônia do Sacramento. Em 1732, o Conselho Ultramarino analisou a possibilidade da construção de uma fortificação no porto do Rio Grande de São Pedro.

Em 1734 já existiam várias fazendas na região. Ao longo do caminho dos tropeiros surgiam postos e pequenos povoados de apoio.

Em 1735, chegou ao Brasil o brigadeiro José da Silva Paes, considerado o fundador do Rio Grande do Sul. Em de 1736 recebeu a missão de defender as terras do lado norte do Rio da Prata.

Em agosto de 1736, foi criado o Distrito de Rio Grande. No mesmo ano foi criada a Freguesia de São Pedro, subordinada à Diocese do Rio de Janeiro.

Em 17 de fevereiro de 1737, Silva Paes fundou o povoado do Rio Grande de São Pedro. Na área, já existiam instalações primitivas feitas por um grupo liderado por Cristóvão Pereira de Abreu. Veio com Silva Paes não mais do que 254 homens, segundo Moysés Vellinho (Brigadeiro José da Silva Pais: fundador do Rio Grande do Sul, 1969). Além dos colonos e seus escravos, existiam militares principalmente do Rio de Janeiro e da Bahia.

Ainda em 1737, já como comandante militar do Rio Grande de São Pedro, Silva Paes fez levantar a carta topográfica do litoral desde a Barra do Rio Grande até próximo da entrada do Rio da Prata. Em ofícios (Arquivo Histórico Ultramarino) ao capitão-general do Rio de Janeiro, observou as difíceis condições de navegação, entrada e desembarque no porto. Solicitou o envio de padres, artífices e provisões para os soldados. Relatou a presença de espanhóis na Ilha de Santa Catarina e a insegurança da região.

Provavelmente entre fevereiro e março de 1737, Silva Paes fez erguer a Capela dedicada à Sagrada Família – Jesus, Maria e José. Em ofício de 12 de março de 1737, Silva Paes informou a realização da primeira missa, propôs, para patronos, Jesus, Maria, José e São Pedro e indicou para governador o mestre-de-campo André Ribeiro Coutinho. Nesse ano, foi edificado o Forte de Jesus Maria e José do Rio Grande, que funcionou também como presídio. Esse Forte não existe mais.

Em 1738, já funcionava o Caminho Real do Viamão, ligando a região serrana do Rio Grande do Sul a São Paulo. Uma importante rota para os tropeiros e para o comércio da Região Sul, até o início do século 20.

Em 17 de julho de 1747, foi criada a Vila de São Pedro do Rio Grande (atual Cidade de Rio Grande). No mesmo ano, foi criada a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Viamão. A Vila do Rio Grande foi instalada apenas em 16 de dezembro de 1751, no mesmo local do Forte. Foi a primeira vila, sede do primeiro município do Rio Grande do Sul.

Por volta dessa época, começaram a chegar colonos vindos dos Açores, com seus escravos africanos. Em 1754, já existiam mais de dois mil açorianos no Rio Grande do Sul. Outras famílias açorianas também se estabeleceram em Santa Catarina.

Em 1750, foi assinado o Tratado de Madri, entre Portugal e Espanha. A Colônia do Sacramento foi trocada pela região dos Sete Povos das Missões, do lado oriental do Rio Uruguay. Pelo acordo, os índios e missionários deveriam se mudar para o lado ocidental do Rio Uruguay. Mas os índios não concordaram e se deu a Guerra Guaranítica (1754 - 1756). A Batalha de Caiboaté, em fevereiro de 1756, foi a mais sangrenta e o episódio culminante dessa Guerra. Estima-se que cerca de 1.300 índios morreram.

Nos anos 1750, foi construído o forte de Jesus, Maria e José do Rio Pardo. Uma fortificação primitiva, no local, teve papel importante na campanha contra os guaranis. Posteriormente, continuou em apoio aos conflitos contra os espanhóis.

Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil.

Em 1760 foi criada a Capitania do Rio Grande de São Pedro, com sede na Vila do Rio Grande e subordinada ao Rio de Janeiro.

Em 8 de março de 1763, o governador do Rio Grande de São Pedro, Inácio Elói de Madureira, enviou um ofício ao secretário de estado da Marinha e Ultramar informando sobre os planos de Pedro de Cevallos, governador de Buenos Aires, para invadir o Rio Grande e Santa Catarina. Nesse ano, a Vila do Rio Grande foi abandonada, devido à invasão espanhola. A sede da Capitania foi, então, transferida provisoriamente para o povoado de Viamão. A ocupação espanhola durou 13 anos.

Também, em 1763, a capital do Estado do Brasil foi transferida da Bahia para o Rio de Janeiro. Salvador continuou como a Capital Eclesiástica da América Lusitana e a Capital Jurídica de sua parte norte.

Em 1773, a sede da Capitania do Rio Grande de São Pedro foi transferida para Porto Alegre.

Em 1776, os espanhóis foram expulsos do Rio Grande de São Pedro. Em 1777, o Tratado de Santo Ildefonso redefiniu as fronteiras anteriores, mas os conflitos na região, entre portugueses e espanhóis, foram intensos por toda a segunda metade do século 18. Nessa época, muitas sesmarias foram distribuídas pelos portugueses para ocupação das terras do sul.

O século 18 terminou com o Rio Grande do Sul sem sequer uma cidade. Tinha apenas uma vila, a do Rio Grande de São Pedro, apesar da sede da Capitania e a Câmara Municipal estar em Porto Alegre. Com a perda da Colônia do Sacramento, o Rio Grande do Sul não era mais o caminho para as riquezas da Região do Rio da Prata. O interesse político na Capitania ficou reduzido no contexto nacional.

Continuação:

Rio Grande do Sul no Século 19

Rio Grande do Sul no Século 20

 

 

Rio Grande do Sul

 

 

Catedral São Pedro

 

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A Catedral de São Pedro. O templo começou a ser construído no ano seguinte à instalação da Vila de São Pedro do Rio Grande e foi concluído em 1755. No ano seguinte passou a funcionar como Igreja Matriz da mais antiga paróquia do Rio Grande do Sul, fundada em 1737.

 

Escultura do brigadeiro José da Silva Paes (1679-1760), em monumento no Rio Grande. É considerado o fundador do Rio Grande do Sul. Nascido em Lisboa, tornou-se militar e engenheiro. Chegou ao Brasil em 1735. Em 1739, foi nomeado governador da Capitania de Santa Catarina.

 

Soldado do regimento de infantaria do Rio Grande, 1792 (coleção de aquarelas de Ribeiro Arthur no Arquivo Histórico-Militar de Portugal).

 

Planta da Fortaleza Jesus, Maria e José do Rio Pardo (1754), de autoria de Manoel Vieira Leão (original no Arquivo Histórico do Itamaraty). Essa fortaleza existiu, edificada em terra e pedra, mas não se sabe se foi construída exatamente de acordo com esta planta. A Fortaleza resistiu a ataques de índios nos anos 1750. Em 1763, também resistiu ao ataque espanhol. Hoje, restam apenas alguns canhões no local, no Município do Rio Pardo.

 

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Por Jonildo Bacelar

 

 

 

 

 

 

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