História do Rio Grande do Sul no Século 19
Em 25 de fevereiro de 1807, um decreto do Príncipe Regente D. João desanexou a Capitania do Rio Grande de São Pedro do Sul da Capitania do Rio de Janeiro, elevando-a à condição de capitania-geral, com o nome de Capitania de São Pedro. Seu território abrangia as terras ao sul da Capitania de São Paulo e ilhas adjacente. Incluía o comando da Ilha de Santa Catarina (documento no Arquivo Histórico Ultramarino).
Apesar do novo status, a Capitania de São Pedro era pobre. Sua principal atividade econômica era, então, a pecuária e o comércio de charque, destinado principalmente para alimentar os escravos. Os tropeiros também comercializavam couro, sebo, queijo, mulas e trigo. A indústria na região era rudimentar.
Em outubro de 1820, chegou ao Brasil as notícias da Revolução do Porto. No início de 1821, começaram as agitações políticas no Brasil, como consequência dos acontecimentos em Portugal. Primeiro no Pará, depois o Movimento Constitucionalista na Bahia, em fevereiro. Nesse mesmo mês, D. João VI aderiu aos preceitos das Cortes de Lisboa, transformando o Império Lusitano em uma Monarquia Parlamentar pré-constitucional.
Em outubro de 1821, Antero José Ferreira de Brito liderou um
movimento para a tomar o poder, em Porto Alegre, mas foi denunciado e preso pelo
governador da Capitania João
Carlos Saldanha Oliveira Daun. Com o rompimento de D. Pedro I, com Portugal, em
Sete de Setembro de 1822, Ferreira de Brito participou na
Guerra da Independência do Brasil, lutando também na Bahia. Após a
Independência, tornou-se ministro do Império e governador do Rio Grande do Sul.
Em 19 de junho de 1822, a Decisão de Governo № 57, assinada por José Bonifácio, que instruiu o processo de eleições para a Assembleia Geral Constituinte e Legislativa, convocada por D. Pedro, já fazia referência à "Província do Rio Grande do Sul" e definiu quatro sedes de distritos eleitorais: Vila de Porto Alegre, Vila do Rio Grande, Vila do Rio Pardo e Vila de São Luiz. Um mapa de 1839 refere-se à Província do Rio Grande de São Pedro do Sul.
Em junho de 1822, João Carlos Saldanha Oliveira e Daun era o presidente do governo provisório e governador das Armas da Província do Rio Grande do Sul. Em 7 de agosto, o ouvidor e corregedor da Província do Rio Grande do Sul, José António de Miranda, enviou um ofício ao presidente das Cortes Gerais em Lisboa, informando ter apresentado, ao governo provisório do Rio Grande do Sul, a demissão dos seus cargos, em consequência de ter recebido oficialmente o decreto que declarava a independência do Brasil e determinava que se retirassem os europeus que não quisessem seguir o sistema brasileiro. Não aceitando as novas condições, o governador da Província, Saldanha Oliveira Daun, pediu demissão e foi substituído no final de agosto. Retornou a Portugal no final de 1822.
A partir de 1824, o Rio Grande do Sul passou a receber muitos imigrantes europeus e árabes. Eram principalmente retirantes da pobreza em seus países de origem, mas, no Brasil, receberam do governo terras agricultáveis e promoveram grande prosperidade.
Em 1835, iniciou-se a Guerra dos Farrapos, entre os caramurus e os farrapos. Estes eram liberais, campesinos e estancieiros gaúchos. Os caramurus eram conservadores e defendiam o Império. A denominação "caramurus" vem do século 17, dos poemas do poeta baiano Gregorio de Mattos, como ele chamava os principais da Bahia. Em 1837, o líder Bento Gonçalves foi preso em Salvador e libertado pela Maçonaria baiana. A Guerra terminou, em 1845, com a rendição dos farrapos.
Os anos seguintes foram de recuperação da terra arrasada pela Guerra. Os imigrantes voltaram a ser recebidos na região e a população gaúcha se multiplicou.
Em 7 de maio de 1848, foi criada a Diocese de Porto Alegre, subordinada à Arquidiocese de São Salvador da Bahia.
De 1865 a 1870, o Rio Grande do Sul foi envolvido como palco da Guerra do Paraguay. Nas décadas anteriores o Paraguay progrediu muito com investimentos em infraestrutura. No início, seu exército era maior que o brasileiro, entretanto entrou numa guerra impossível de vencer contra o Brasil, Argentina e o Uruguay, mas não foi fácil.
Em julho de 1865, o Imperador D. Pedro II chegou ao Rio Grande do Sul, para visitar a frente de batalha. Em 11 de setembro, o Imperador estava em Uruguaiana. Os paraguayos se renderam, no dia 18 seguinte, ao Ministro da Guerra, o baiano Angelo Moniz da Silva Ferraz. Por sua participação no episódio, Ferraz recebeu o título de Barão de Uruguaiana. Ferraz também fora Presidente da Província do Rio Grande do Sul, de 1857 a 1859.
A Guerra do Paraguay terminou, em março de 1870, com vitória da Tríplice Aliança. Muitos dos escravos, voluntários da Pátria, não retornaram às províncias de origem e se estabeleceram em quilombos no sul do Brasil.
Em 1872, o empresário baiano Francisco Antonio Pereira Rocha trouxe da Bahia para o Rio Grande do Sul, um veículo Thomson road steamer. Rocha tinha um contrato com o governo da Província para a construção de uma estrada, segundo a lei provincial n. 774 de 4 de maio de 1871. A estrada funcionaria com o sistema Thomson road steamer, ligando a freguesia de Santo Amaro à vila de Santa Maria.
Em 1872, foi fundada a Sociedade Floresta Aurora pelos gaúchos negros, em Porto Alegre. Pouco tempo depois, a população escrava no Rio Grande do Sul chegou a quase 100 mil escravos, cerca de 20% da população total gaúcha.
Em 8 de maio de 1886, o alagoano Deodoro da Fonseca assumiu a Presidência da Província do Rio Grande do Sul, ficando até novembro do mesmo ano, sendo substituído pelo baiano Miguel Calmon du Pin e Almeida.
1888 - Lei Áurea, os escravos foram libertados, mas diferente dos imigrantes, não receberam terras para começarem suas novas vidas. O resultado foi um problema social que ainda perdura.
1889 - Em 15 de novembro iniciou-se a República. Deodoro da Fonseca assumiu o governo provisório do Brasil.
Em 1893, começou a Revolução Federalista, envolvendo os três estados do Sul, insatisfeitos com os caminhos da República. Os federalistas eram comandados por Gaspar Silveira Martins e os legalistas, por Júlio de Castilhos. A revolução foi pacificada pelo baiano Innocencio Galvão de Queiroz, em 1895.
O século 19 terminou com o Rio Grande do Sul ainda pobre, mas em transformação, principalmente pelos imigrantes europeus.
Continuação:
Campeiros, proprietários de tropas no Rio Grande do Sul, aquarela de J.B. Debret, 1823. Do século 18 até parte do século 20, o tropeirismo era uma das principais atividades econômicas dos gaúchos.
Casarão construído, em 1921, em Antônio Prado, na Serra Gaúcha. A Cidade tem um rico patrimônio histórico tombado pelo Iphan. Os imigrantes europeus, muitos retirantes da miséria em seus países de origem, transformaram o Rio Grande do Sul a partir de meados do século 19.
O Imperador D. Pedro II, em Porto Alegre, durante a Guerra do Paraguay.
O baiano Angelo Moniz da Silva Ferraz, Barão de Uruguaiana, Presidente do Rio Grande do Sul e Ministro da Guerra, durante a Guerra do Paraguay.
Monumento a Júlio de Castilhos, em Porto Alegre. Castilhos foi o líder legalista da Revolução Federalista (1893-1895), pacificada pelo baiano Innocencio Galvão de Queiroz.
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Por Jonildo Bacelar